A bolsa de estudos na Itália, era em um master sobre novas tecnologias e inovação em design. Era um curso multidisciplinar, que me colocou em contato com as novidades do mercado, em primeira mão. Lá também trabalhei em uma empresa de estamparia em seda, que atendia famosas marcas de luxo europeias. Mas o mais incrível dessa experiência, foi o aprendizado cultural que adquiri durante esse período.
O curso reunia alunos do mundo inteiro: China, Turquia, Filipinas, México, Chile, Venezuela, Colômbia, Brasil, Itália, Israel, Rússia. Essa diversidade de culturas era muito rica, o que fazia do curso ainda mais especial e completo. Eu logo fiz amizades com três meninas estrangeiras (da Turquia, China e Filipinas), elas eram tímidas, mas muito inteligentes e criativas.
Pelo fato do nosso grupo ser tão diversificado, nossos trabalhos eram sempre os mais elogiados pelos professores. Eles entendiam que a mistura das culturas trazia uma autenticidade especial para os projetos. Coisa que não acontecia no grupo das latino-americanas, por exemplo. A diferença de olhar, nos fazia chegar em algo novo, e esse era o nosso diferencial.
A região do Lago de Como, perto de Milão, é famosa pelas indústrias têxteis. Trabalhei em uma empresa onde tive a oportunidade de criar para marcas famosas, como Prada, Dior, YSL, Louis Vuitton, Versace, entre outras. A equipe era grande, e todos criavam para os mesmos projetos, que eram apresentados juntos para o cliente. Eu admirava muito essa igualdade com que tratavam os designers, sem distinção de cargos ou nacionalidade.
Como nesta empresa eu era a única designer estrangeira, em meio a muitas italianas, meus desenhos se destacavam, e isso fez com que alguns dos meus trabalhos fossem selecionados pelos clientes. Elas não entendiam o que eu estava fazendo de tão especial. Eu também não sabia ainda, mas na realidade só estava expressando minha personalidade autêntica, colocando todo o meu capital humano e criativo nos trabalhos, e isso fazia eu me diferenciar no mundo.